29 de julho de 2007

ENTRELAÇANDO ESFERAS



O transcender do elo etéreo permeou a materialidade,
E na conjunção de nosso Ser, a Aura da magia sensível
No toque de detalhes mínimos dos milímetros de nossas peles e desejos...

A macia música dedilhada palmo a palmo, beijo a beijo,
Entre olhares profundos e dançantes de nossas almas,
Transfundiu nossos chakras em permuta física de êxtase e suspiros...

Liberdade consentida, deitaram-se nossos sonhos realizados
Na esteira cósmica das forças criativas da Vida, expandindo-nos,
Enlevando-nos aos planos dos mais altos momentos criadores...

No rastro da Consciência, a memória encravada das essências libertas
E da música dos lábios dançantes coreografando sensualidade intensa...

Vem comigo tua exuberância, como que a lembrar-me,
Na ânsia do reencontro, novamente, em nosso Ritual quedar-me,
E em ti perder-me e entregar-me para me encontrar em ti e em mim, prazerosamente...

(Alexandre Terenciano)

2 de julho de 2007

METADE




Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois, metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimento
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
e a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
e a outra metade não sei
Que não seja preciso mais que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é a canção
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também.

(Oswaldo Montenegro)