31 de dezembro de 2010

Tempo bom para 2011


Neste momento de transição temporal, onde a criatura humana tem por necessidade deitar um olhar interrogativo sobre o novo ano que irá se iniciar, faz-se mister saber que o ano de 2011 será como você quiser que ele seja. Como diria o nosso amado poeta, Carlos Drummond de Andrade*, ele será bom se você o ajudá-lo a ser bom, ou seja, compete a cada um fazer o melhor a cada dia.
O novo ano se apresenta como um livro aberto ainda a ser escrito por nós, dependendo em muito de nossa criatividade, dinamismo e preparo para transformá-lo num sucesso ou não. A nossa história é feita de tempo, um segundo, um minuto, uma hora, um dia e assim segue a nossa vida. Cada ação conta quem somos, o que seremos ou queremos ser.
A nossa história também se compõe de conhecimento. Na ignorância nos perdemos de nós mesmos, seduzidos que podemos ser por atalhos que poderão nos perder ou atrasar nossa jornada. Na arrogância pensamos já saber tudo, criamos a ilusão da autosuficiência quando cada vez mais temos prova de que somos todos aprendizes da vida neste universo em constante mutação.
Amor, benevolência, humildade, solidariedade, compreensão, consciência, alegria, autenticidade, humanismo, compartilhamento, honestidade, ética, são alguns valores, princípios, virtudes ou hábitos que podemos cultivar a todo tempo e lugar. É tempo de investir no "ser" humano e espiritual, cabendo a cada um a responsabilidade de escolher e semear boas sementes, para que 2011 seja um tempo bom e pródigo em boa colheita.
Boa reflexão e viva consciente.

* Carlos Drummond de Andrade escreveu o poema "Previsão do Tempo" para 1967.

(Willes S. Geaquinto) - publicado no Recanto das Letras - 30/12/2010
http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/2699831

21 de dezembro de 2010

Atalhos

Quanto tempo a gente perde na vida?
Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos inteiros
Sim, depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, etc.
E aí, mais tarde, demora pra entender certas coisas.
Demora, também, pra dar o braço a torcer.
Viramos adolescentes (aborrecentes) teimosos e dramáticos.
E levamos um século para aceitar o fim de uma relação. E outro século para abrir a guarda para um novo amor.
Quando, já adultos,demoramos para dizer a alguém o que sentimos,
demoramos para perdoar um amigo,
e demoramos para tomar uma decisão.
Até que um dia a gente faz aniversário, 37 ou 41 anos. Talvez 50 e tal....
Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto.
E só aí a gente descobre que o nosso tempo não pode continuar sendo desperdiçado.
Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o jogo empatado, no segundo tempo, e ainda se desse ao luxo de atrasar a bola pro goleiro.
Ou fazer tabelas desnecessárias.
Quanto esbanjamento. E esquecemos que não falta muito pro jogo acabar...Sim, é preciso encontrar logo o caminho do gol.
Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso.
Pois tudo o que a gente quer, depois de uma certa idade, é ir direto ao assunto.
Excetuando-se no sexo, onde a rapidez não é louvada, pra todo o resto é melhor atalhar.
E isso a gente só alcança com alguma vivência e maturidade.
Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando.
Não esperam sentadas, não ficam dando voltas e voltas.
E não necessitam percorrer todos os estágios.
Queimam etapas.
Não desperdiçam mais nada.
Uma pessoa é sempre bruta com você?
Não é obrigatório conviver com ela.
O cara está enrolando muito?
Beije-o primeiro e veja se ele, realmente, interessa e transmite algum sentimento.
A resposta do emprego ainda não veio? Procure outro enquanto espera.
Paciência só para o que importa de verdade.
Paciência para ver a tarde cair.
Paciência para degustar um cálice de vinho.
Paciência para a música e para os livros.
Paciência para escutar um amigo.
Paciência para aquilo que vale nossa dedicação.
Pra enrolação, um atalho.
O maior possível!

(Martha Medeiros)

19 de dezembro de 2010

Doce Loucura


A boca ainda úmida de um beijo
Tocou maliciosa no meu rosto
E murmurou palavras de desejo
Queimando a minha pele como fogo
Acelerou meu sangue
Me arrepiou a pele
Provocou minha mente
Despertou meus sentidos
Alucinou meu peito
Meus músculos e nervos
Na mais doce loucura
Esse amor
Sem preconceitos e receios
No calor do aconchego
Dos seus seios se fez lindo
E me fez enlouquecer
Nesse momento de prazer

(Mauricio Duboc / Carlos Colla)

Se...


Se eu pudesse parar a minha vida
E dar à eternidade um só momento,
Se eu não tivesse o meu destino preso
Ao destino das coisas no espaço...

Se eu pudesse destruir todas as leis
E dentro do universo que se move
Parar meu mundo,
Haveria de escolher esse segundo
Em que eu estivesse nos seus braços.

(Autor desconhecido)

As Baleias


Não é possivel que você suporte a barra
De olhar nos olhos do que morre em suas mãos
E ver no mar se debater o sofrimento
E até sentir-se um vencedor neste momento

Não é possivel que no fundo do seu peito
Seu coração não tenha lágrimas guardadas
Pra derramar sobre o vermelho derramado
No azul das águas que voce deixou manchadas

Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Que eles viram em velhos livros
Ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão

O gosto amargo do silêncio em sua boca
Vai te levar de volta ao mar e à fúria louca
De uma cauda exposta aos ventos
Em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão

Como é possível que voce tenha coragem
De não deixar nascer a vida que se faz
Em outra vida que sem ter lugar seguro
Te pede a chance de existência no futuro

Mudar seu rumo e procurar seus sentimentos
Vai te fazer um verdadeiro vencedor
Ainda é tempo de ouvir a voz dos ventos
Numa canção que fala muito mais de amor

Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Que eles viram em velhos livros
Ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão

O gosto amargo do silêncio em sua boca
Vai te levar de volta ao mar e à furia louca
De uma cauda exposta aos ventos
Em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão

(Roberto Carlos / Erasmo Carlos)