25 de julho de 2009

Noites com sol




Ouvi dizer que são milagres
Noites com sol
Mas hoje eu sei não são miragens
Noites com sol
Posso entender o que diz a rosa
Ao rouxinol
Peço um amor que me conceda
Noites com sol

Onde só tem o breu
Vem me trazer o sol
Vem me trazer amor
Pode abrir a janela
Noites com sol e neblina
Deixa rolar nas retinas
Deixa entrar o sol

Livre será se não te prendem
Constelações
Então verás que não se vendem
Ilusões
Vem que eu estou tão só
Vamos fazer amor
Vem me trazer o sol
Vem me livrar do abandono
Meu coração não tem dono
Vem me aquecer nesse outono
Deixa o sol entrar

Pode abrir a janela
Noites com sol são mais belas
Certas canções são eternas
Deixa o sol entrar

(Flávio Venturini)

2 de fevereiro de 2009

Só de sacanagem

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?

Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam
entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo
duramente para educar os meninos mais pobres que eu,
para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus
pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e
eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança
vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança
vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz,
mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros
venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples,
regada ao conselho simples de meu pai,
minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam:
"Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha”,
“Esse apontador não é seu, minha filhinha".

Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe
tenho tido que escutar.
Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar
e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste:
esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.

Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé
do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!

Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo
o mundo rouba", e eu vou dizer: “Não importa, será esse
o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez.
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos vamos
pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo
do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o
escambau.
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto,
desde o primeiro homem que veio de Portugal".
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? IMORTAL!

Sei que não dá para mudar o começo, mas, se a gente
quiser, dá para mudar o final!


(Elisa Lucinda)

15 de janeiro de 2009

Paradoxo da existência

O ano pra mim começa quando faço aniversário.
Sinto que faz mais sentido pensar assim, afinal é MEU ano novo, é MINHA vida renovada...
É quando de fato eu completo um ano de vida e inicio outro ciclo de existência.
A maneira tradicional – a passagem de dezembro para o mês de janeiro – valeria pra mim se houvesse um significado coletivo, e que todos terminássemos e começássemos juntos uma nova vida no planeta, nos congraçando num gesto amplo de paz e bondade...
Mas como isso é possível?
Enquanto milhões faziam algazarra comemorando a chegada do dia 1º de janeiro, judeus viviam seu 5º dia do mês Tevet, e islâmicos adentravam o 4º dia do mês de muharram.
Se nem no calendário nos entendemos, o que dirá na geografia?
Nós aqui a soltar fogos, enquanto eles na Faixa de Gaza a se enfrentar numa guerra sangrenta...
2009 poderá ser novo pra você, como poderá ser pra mim, para judeus e adeptos do candomblé, budistas e índios do Xingu.
Mas esta é uma decisão íntima.
Eu, distante de fogos e algazarras, preferi pensar numa poesia que reescrevo a cada reveillon...
É meu jeito de irradiar bons fluidos...

2 mil e... 9
Que 2009 seja um ano pleno
Com muito crédito, e se possível nenhum juro
E que na luta pela vida
Sejamos todos, tão somente,
Pessoas em busca de um melhor futuro

Que 2009 seja um ano ameno
E que eu me sinta mais forte, íntegro e seguro
Que o amor participe da minha vida,
sem adjetivos ou subterfúgios
e que a cada manhã eu me descubra menos noturno

Que eu faça muitos amigos
- e que além de novos, redescubra os antigos -
Que eu possa crescer sem que ninguém diminua
Sorrir sem que ninguém soluce
E possa ser feliz,
Porém jamais à custa da tristeza alheia

E que ao fim do ano cristão eu me sinta como se estivesse
Sempre de novo retornando
Aqui ou no Japão,
Na Faixa de Gaza ou no Afeganistão,
No Leblon ou no bairro do Limão

E que 2009, como a cada novo ano,
o ato de envelhecer nos torne mais sensíveis
ao ponto de realizarmos o
magistral paradoxo da existência:
- Sempre que mais velho fico,
a criança que carrego em mim
Me traz mais e mais
encantos e espantos...

(Alexandre Pelegi)

11 de janeiro de 2009

Não desejo a você

Não desejo a você Paz, Amor, Felicidade, Saúde, nem Dinheiro.
Desejo que seja uma pessoa melhor e que se esforce cada vez mais por isso.
Um mundo melhor se faz com seres humanos melhores e isto só depende da vontade de cada um de nós.
Não ensine o que não sabe.
Não cobre o que não faz.
Não julgue o que não conhece.
Não maltrate por estar frustrado.
Não encante para dominar.
Não busque conhecimento para oprimir.
Não se cale quando deve falar.
Não fale quando deve se calar.
Estenda sua mão quando for preciso.
Não abandone, não seja covarde.
Faça suas escolhas pensando nas consequências a longo prazo.
Erre por excesso de zelo, jamais por omissão.
Tenha mais compaixão que dinheiro.
Tenha mais dinheiro que egoísmo.
Tenha mais fé que cegueira espiritual.
Seja amigo que diz o que pensa.
Cuide bem de si, cuide bem de quem ama, cuide bem de quem não conhece.
Não perdoe, mas cure suas feridas para poder libertar quem o magoou.
Não peça desculpas, só não repita o que sabe estar errado.
Seja feliz para ajudar o outro a ser feliz.
Não acredite em mim, tire suas próprias conclusões e VIVA SUA VIDA.

(Ala Voloshyn)