15 de janeiro de 2009

Paradoxo da existência

O ano pra mim começa quando faço aniversário.
Sinto que faz mais sentido pensar assim, afinal é MEU ano novo, é MINHA vida renovada...
É quando de fato eu completo um ano de vida e inicio outro ciclo de existência.
A maneira tradicional – a passagem de dezembro para o mês de janeiro – valeria pra mim se houvesse um significado coletivo, e que todos terminássemos e começássemos juntos uma nova vida no planeta, nos congraçando num gesto amplo de paz e bondade...
Mas como isso é possível?
Enquanto milhões faziam algazarra comemorando a chegada do dia 1º de janeiro, judeus viviam seu 5º dia do mês Tevet, e islâmicos adentravam o 4º dia do mês de muharram.
Se nem no calendário nos entendemos, o que dirá na geografia?
Nós aqui a soltar fogos, enquanto eles na Faixa de Gaza a se enfrentar numa guerra sangrenta...
2009 poderá ser novo pra você, como poderá ser pra mim, para judeus e adeptos do candomblé, budistas e índios do Xingu.
Mas esta é uma decisão íntima.
Eu, distante de fogos e algazarras, preferi pensar numa poesia que reescrevo a cada reveillon...
É meu jeito de irradiar bons fluidos...

2 mil e... 9
Que 2009 seja um ano pleno
Com muito crédito, e se possível nenhum juro
E que na luta pela vida
Sejamos todos, tão somente,
Pessoas em busca de um melhor futuro

Que 2009 seja um ano ameno
E que eu me sinta mais forte, íntegro e seguro
Que o amor participe da minha vida,
sem adjetivos ou subterfúgios
e que a cada manhã eu me descubra menos noturno

Que eu faça muitos amigos
- e que além de novos, redescubra os antigos -
Que eu possa crescer sem que ninguém diminua
Sorrir sem que ninguém soluce
E possa ser feliz,
Porém jamais à custa da tristeza alheia

E que ao fim do ano cristão eu me sinta como se estivesse
Sempre de novo retornando
Aqui ou no Japão,
Na Faixa de Gaza ou no Afeganistão,
No Leblon ou no bairro do Limão

E que 2009, como a cada novo ano,
o ato de envelhecer nos torne mais sensíveis
ao ponto de realizarmos o
magistral paradoxo da existência:
- Sempre que mais velho fico,
a criança que carrego em mim
Me traz mais e mais
encantos e espantos...

(Alexandre Pelegi)

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